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juntas

Summary:

— Eu deveria te deixar sozinha aqui só pelo tanto de trabalho que você me dá — Kaoruko resmungou, enquanto se aconchegava na companheira, tendo o cuidado de pôr sua perna na coxa boa da Isurugi.

Em resposta, tudo o que ela escutou foi gemidos de dor e palavras incompreensíveis. A feline estava desacordada, então era óbvio que não iria lhe devolver as grosserias. Algo que a deixava mais incomodada e triste do que esperava ficar.

Notes:

OPA cheguei nesse au com minhas nenes sofrendo, weeee

Pra quem não manja de Arknights, aqui um pequeno resumo:
O universo do jogo é levemente apocalíptico, já que existe as Catástrofes e magia. Pessoas infectadas são aquelas que estão doentes. A única forma de se infectar é entrando em contato direto com uma pedra chamada originum ou com o sangue de um infectado.
As Followers são um trio de mulheres que vagava por aí curando pessoas antes de entrar pra Rhodes Island (a agência farmacêutica que é mencionada lá pelo final), e nessa timeline, a Kaoruko e a Futaba conhecerem elas nessa época.

e acho que é só isso que preciso dizer, então,,, boa leitura

(See the end of the work for more notes.)

Work Text:

Suas pálpebras pesavam. Ora ou outra a boca de Kaoruko se abria num bocejo, daqueles que acumulavam um pouco de água no canto dos olhos. Ela sentia seus músculos tensos por causa do cansaço e do estresse, e seu humor estava pior do que o normal.

E, ainda assim, a vulpo não conseguia dormir. Como o faria, se sua preciosa amiga não parava de resmungar e grunhir durante seu delírio febril?

As mãos trêmulas da Hanayagi estavam em cima da coxa de Futaba, tendo uma estável e fraca luz de arts de cura saindo de suas palmas. O buraco ensanguentado que existia na pele de Isurugi já não era mais do tamanho da lâmina de originum que havia sido acertada na feline. Esse fato fazia com que o nervoso coração de Kaoruko se acalmasse.

Futaba ficaria bem. Ela ainda teria mais um dia consigo. Não havia motivo para se preocupar no momento.

Suspirando, ela parou de usar sua magia. Seus dedos tremiam levemente, e ela podia ver que o ferimento já não estava mais sangrando. Não era mais necessário continuar aplicando seu poder ali, ainda mais com a Isurugi já exausta. A vulpo sabia que se usasse demais das arts para acelerar o processo de cura poderia acabar matando a outra. Afinal, o corpo já desgastado também usava da própria energia para fechar o machucado.

A Hanayagi ainda não estava acostumada a curar ao invés de machucar pessoas com sua magia, todavia tinha aprendido rápido. Não que fosse difícil de pegar a manha quando teve ótimas professoras — mulheres essas que, mesmo que não o dissesse em voz alta, sentia saudades.

Enquanto relembrava das aulas que havia tido com as Followers — o nome pelo qual aquele trio era conhecido —, a vulpo rasgava a calça da Isurugi na parte onde havia ficado o buraco, a fim de ter um tecido para fazer de faixa. Kaoruko sabia que a feline não ia se importar de andar com a coxa exposta, o que a deixava desgostosa, logo seu mais novo objetivo seria comprar uma nova calça para a outra assim que chegassem na cidade mais próxima.

Enquanto a Hanayagi resmungava baixinho, ela enfaixava o ferimento com gentileza e cuidado, a fim de impedir que mais sangue saísse da outra. 

O cheiro de ferro já estava a deixando levemente nauseada. Embora o estômago dela estivesse se contorcendo, a Hanayagi fez o seu melhor para não deixar a sujeira nem a areia do local em que estavam entrar em contato com as bandagens provisórias. O que ela menos precisava era que o machucado infeccionasse e piorasse ainda mais a situação de Futaba.

Infelizmente, pela mesma ser Infectada, ninguém aceitaria que Kaoruko usasse de uma cama ou uma maca médica para poder tratar da amiga. Por isso, todo o processo que estava fazendo até aquele momento havia sido ao ar livre, num chão duro e arenoso. O único esconderijo que tinham era o tronco seco, e aparentemente morto, de uma das árvores daquela região. Seria o último lugar onde a vulpo daria os primeiros socorros na Isurugi, se tivesse a luxúria de escolher.

— Francamente, você só me dá problemas! — a Hanayagi terminou de dar o último nó na bandagem, mantendo assim o ferimento fechado e seguro por enquanto. — O que tem na cabeça pra sair se jogando na frente de qualquer arma que vê, uh? Não saí de casa pra ver você morrer no meio do caminho. Se queria morrer, não precisava me arrastar contigo.

Diferente do tom revoltado e indignado de sua fala, Kaoruko se aproximou do corpo da Isurugi e deitou a cabeça em cima do peito da outra. Ela precisava se certificar de que ainda tinha a feline ali consigo, por isso seus braços deslizaram pelo tronco da amiga até que os dedos dela se encontrassem novamente, fechando os dedos num entrelaço.

Sentir o calor, mesmo que elevado, de Futaba naquele abraço já era o suficiente para fazer os músculos da ex-sacerdotisa se relaxarem.

— Eu deveria te deixar sozinha aqui só pelo tanto de trabalho que você me dá — Kaoruko resmungou, enquanto se aconchegava na companheira, tendo o cuidado de pôr sua perna na coxa boa da Isurugi.

Em resposta, tudo o que ela escutou foi gemidos de dor e palavras incompreensíveis. A feline estava desacordada, então era óbvio que não iria lhe devolver as grosserias. Algo que a deixava mais incomodada e triste do que esperava ficar. Ignorando o aperto no coração e a ardência nos olhos, a Hanayagi respirou fundo. Ela sabia exatamente o que acalmaria a outra, mesmo naquele estado inconsciente. 

Assim que ela sentiu mais focada, a vulpo começou a ronronar. Não era um som real, igual ao dos verdadeiros felines, porém era semelhante o suficiente para ser confundido com um. Tanto que, após alguns minutos o fazendo, os resmungos e palavras emboladas de Isurugi diminuíram. O corpo dela, antes duro e tensionado, agora estava mais mole e relaxado em seu aperto.

Descobrir que a outra ficava não só mais tranquila, como também mais confortável, quando ouvia alguém ronronando havia sido mais útil do que sequer imaginava.

Foi difícil aprender a replicar o som, mas Kaoruko não era alguém que ficaria satisfeita com qualquer coisa. Se ela precisasse aprender a ronronar, teria de conseguir replicar o ato de forma perfeita. E, infelizmente, oportunidade e tempo ela teve de sobra. Todavia, não era momento para a Hanayagi ficar remoendo erros e falhas do passado.

Até porque se começasse a chorar não iria conseguir acalmar a Futaba.

A vulpo aproximou o rosto da camisa da Isurugi, fechando os olhos no processo. O cheiro adocicado da outra lhe tomou os pulmões, a lembrando que, no momento, estavam juntas — como sempre estiveram e iriam estar.

Ignorando a dor na garganta pelos sentimentos bagunçados e o crescente desespero, Kaoruko continuou a ronronar o melhor que podia. Ela não poderia desistir. Futaba precisa dela, e a ex-sacerdostista não poderia deixar ela na mão. Ela iria levar a outra à Rhodes Island e conseguiria o melhor tratamento médico que existisse naquele grupo farmacêutico. Elas iriam conseguir chegar lá, ambas vivas e intactas, e iriam decidir depois o que fazer após isso.

A Hanayagi só precisava continuar avançado e impedir a Isurugi de continuar tentando se matar no meio do caminho. Ela tinha que acreditar que iria conseguir fazer aquilo. Afinal, Nearl havia lhe dado a esperança de que poderiam, sim, viverem juntas ao invés de apenas sobreviverem pelas sarjetas.

Tão ocupada com seus pensamentos estava Kaoruko que sequer percebeu que não precisava mais continuar ronronando, visto que a Futaba já não mais murmurava. E, mesmo inconsciente, a feline também começou a ronronar.

Não que a vulpo tivesse reparado, pois de tão cansada que estava, acabou caindo no sono pouco depois de ouvir o familiar som.

Notes:

Espero que tenham gostado pois eu tava querendo escrever algo sobre aaaaa

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