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tento guardar no coração (mas eles não deixam)

Summary:

— Misora… — O tom de voz da Ebisu era exasperado. Ela já estava acostumada com aquilo, todavia não estava menos frustrada com a situação. — Poderia por favor controlar os seus braços?

Notes:

(See the end of the work for notes.)

Work Text:

A concentração de Tsukasa nas palavras escritas no papel era admirável.

As íris ametistas se moviam de um lado para o outro com tranquilidade, ainda que o ritmo de leitura dela estivesse longe de ser lento.

Toda vez que Ebisu topava com algum trecho interessante no livro de feitiços que consultava, ela pegava a pena que estava no vidrinho de tinta e a usava para escrever nas folhas que tinha largada pela madeira da mesa em que se apoiava.

E, embora a jovem bruxa parecesse estar super distraída com a tarefa em questão, ela sentiu de forma bem nítida quando algo mole e meio pegajoso começou a deslizar pela sua pele. O objeto desconhecido foi se enroscando pelo seu braço, dando a volta em seu pulso, como se estivesse o segurando.

Uma breve desviada de olhos dos papéis para o seu braço mostrou a Tsukasa o que estava agarrado em si: um tentáculo de cor rubra, que parecia se aninhar no aperto mediano, contente em estar tocando a pele da bruxa.

— Misora… — O tom de voz da Ebisu era exasperado. Ela já estava acostumada com aquilo, todavia não estava menos frustrada com a situação. — Poderia por favor controlar os seus braços?

A Kano, que até então parecia distraída em polir as espadas da Guarda Real, deu um pequeno pulo do sofá em que estava sentada.

— Perdão Tsukasa-senpai! — O tom nervoso e desconcertado da outra preencheu o ambiente, trazendo um pequeno suspiro de Tsukasa. — Eu nem percebi que havia deixado ele sair…

— Não precisa se desculpar — A jovem bruxa respondeu, deixando um sorriso gentil florescer em seus lábios. — Eu sei que ainda está com problemas pra controlar eles. Deve ser estranho ter novos… membros pra aprender a usar do nada.

Afinal, Misora não havia sido amaldiçoada e muito menos era uma híbrida aquática.

O único motivo pra ela sequer ter tentáculos que vez ou outra saíam de suas costas e pareciam ter vontade própria era porque havia esbarrado em um vidrinho com uma poção suspeita que a Ebisu não recordava o motivo de existir em seu estoque.

Já fazia quase sete sóis que a outra estava assim, graças a familiar de Tsukasa por assustá-la ao realizar um de seus famosos Usala Kicks dentro do estabelecimento. Algo que a bruxa já havia falado para Lalafin não fazer diversas vezes.

Infelizmente, sua familiar não era lá muito boa em recordar as regras quando estava animada.

Como no rótulo dizia que a poção era passageira, a Ebisu achou que era melhor que Misora passasse um tempinho consigo enquanto esperavam com que o efeito passasse. Assim, ela poderia ficar de olho caso alguma reação acontecesse e poderia tentar diminuir o excesso de dano que a mais nova pudesse acabar causando por acidente.

Por enquanto, a única coisa estranha era a forma como os tentáculos pareciam adorar segurar a Tsukasa. Fosse tocando seu pulso, enrolando uma mecha de seu cabelo, se enroscando em sua panturrilha ou até mesmo deslizando pelos seus ombros — se existia uma oportunidade, os novos membros de Misora aproveitavam a chance para poder ficar perto da mais velha.

Por incrível que pareça, a Ebisu não se importava tanto quanto achava que fosse. Era estranho, sim, sentir o tentáculo frio e viscoso roçando na sua pele, mas não chegava a ser uma sensação ruim.

A jovem bruxa chegava até a se arriscar e dizer que era algo levemente reconfortante.

— Ainda assim, é meio frustrante não conseguir frear eles de vez em quando — Misora respondeu, soando chateada. Ela tinha um pequeno biquinho nos lábios e seu rosto estava um pouco mais vibrante por causa do tom rosado em suas bochechas. — Não queria ter te atrapalhado.

Lentamente, Tsukasa balançou a cabeça em negação.

— Não se preocupe com isso, você não atrapalhou — O sorriso gentil continuava estampado na face da jovem bruxa, que logo voltou a analisar as palavras do livro aberto à sua frente. — É até fofo a forma como eles querem me segurar.

Por estar olhando para as páginas, a Ebisu não chegou a ver que a cor no rosto da jovem escureceu, a pele ficando avermelhada com o comentário.

— Não muda o fato que eu te atrapalhei! — A Kano retrucou de forma envergonhada, voltando suas íris esverdeadas para a lâmina em seu colo.

Em resposta, Tsukasa apenas soltou um som na garganta que pareceu soar como uma afirmação.

— Talvez seja hora de dar uma pausa — A voz da bruxa não deixou o silêncio se acomodar no cômodo, reanimando a conversa entre as duas mulheres.

Misora parou de esfregar o pano no metal e olhou na direção da outra. Ao ver que a Ebisu estava guardando os materiais que usava, ela começou a fazer o mesmo.

—  Vai querer chá ou suco, Tsukasa-senpai?

— Acho que hoje está um ótimo dia para tomar um chá com aqueles biscoitos que a senhorita Mahiru deixou pra gente, não? — A mais velha opinou ao que esticava os braços acima da cabeça, se alongando.

Misora estava prestes a concordar quando percebeu que seu tentáculo ainda estava agarrado no pulso de Tsukasa. Ela agarrou as espadas que estavam na mesinha de madeira com certa pressa e se virou para o lado oposto ao da outra, querendo esconder de todo o jeito o seu rosto corado.

— Sim! Concordo! — Ela respondeu, rápida e atrapalhada. Seu coração batia aceleradamente no peito e ela fechou os olhos para inspirar e se concentrar. — Você pode ir pegando os biscoitos, eu vou preparar o chá.

Assim que começou a andar, a Kano escutou a outra a agradecendo pelo favor. Um pequeno sorriso apaixonado surgiu em seus lábios, porém ela apenas continuou andando até sair do cômodo.

Embora seus tentáculos fossem uns tremendos de uns fofoqueiros, querendo revelar a sua paixão secreta pela outra, Misora estava satisfeita com o relacionamento que tinha com a Tsukasa no momento.

Ela não pretendia se declarar no futuro próximo, então fingia não saber o motivo pelo qual seus novos membros estavam tão interessados em tocar a bruxa.

Por enquanto, dividir um lanche da tarde e trabalhar em silêncio com a Ebisu era o suficiente para o coração aquecido de Misora. E ter uma ajudinha extra para preparar o chá também era bem legal, mesmo que os tentáculos não soubessem ficar quietinhos na deles — a Kano até que tinha um controle decente neles normalmente.

Como naquele exato momento, onde ela usava de uns três tentáculos para organizar as espadas dentro do armário. Havia ido para o quartinho que a amável bruxa tinha lhe oferecido para poder guardar as armas e seu material de limpeza, e ter seus novos membros faziam com que essa missão fosse bem mais rápida do que o normal.

O problema era que eles se guiavam não só através de seus comandos, como também pelos seus desejos. Ela era muito autoconsciente para tentar tocar a Tsukasa casualmente quando tinha vontade. E, bem, parecia que seus novos membros não tinham essa complicação.

Com um suspiro, Misora percebeu que havia chegado na cozinha enquanto divagava e se pôs a organizar as coisas para preparar o chá. Dois tentáculos saíram de suas costas automaticamente, já pegando os utensílios e materiais para preparar a bebida.

Mesmo que fossem grandes intrometidos, ela já tinha se acostumado com a mãozinha extra. É, ela sentiria falta deles quando o feitiço acabasse.

Notes:

os temas do primeiro dia foram inovação e dualidade.... escolhi inovação e tentei inovar !! deu certo? lakdlakflskfldklfkf

/morre

tsukamiso tem um pedacinho do meu coração, aaaa

quem quiser saber mais sobre a week, tem o
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