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um desafio sem perdedores

Summary:

Era apenas para ser um encontro tranquilo, todavia Yumeko estava atrasada. E Mary não estava nada feliz com isso.

Notes:

(See the end of the work for notes.)

Work Text:

Íris douradas observaram os ponteiros do relógio no próprio pulso com seriedade. As sobrancelhas amarelas estavam franzidas em irritação e a sapatilha em seu pé não parava de bater no chão, inquieto e ansioso, conforme o horário ia passando.

Jabami Yumeko estava atrasada para o primeiro encontro delas. E isso era enfurecedor.

Mary sentia a raiva aquecer o seu peito e forçar seus dedos a apertarem a sacola que segurava. A ômega tinha feito tanta questão de cortejá-la, indo ao ponto de seguir os rituais do seu subgênero — algo que a Saotome nunca esperaria da outra mulher — e de usar todos os seus truques diabólicos para conseguir sua atenção.

Ela tinha sido a primeira a aprofundar o relacionamento delas, com tanta cautela e detalhe, que chegava a ser ridículo e de péssimo gosto que Yumeko sequer tivesse chegado no tempo combinado.

— Essa mulher estúpida… — Resmungou a beta, com a voz carregada de acidez e irritação. Mary não se importava que estivesse liberando feromônios mais agressivos naquele momento, ainda que isso não ajudasse em nada em passar despercebida no momento.

Tudo o que menos precisava era de que sua humilhação virasse cena de entretenimento para os outros.

Bufando de frustração, Saotome checou o horário mais uma vez. Decidindo ir embora caso a outra não aparecesse em vinte minutos, ela cruzou os braços e se apoiou na parede da cafeteria a qual haviam combinado de se encontrar.

Ainda que estivesse puta com a situação, não conseguia deixar de sentir um leve aperto de apreensão em seu peito. A beta não era alguém que normalmente se deixava levar pela ansiedade, no entanto, naquele momento ela estava começando a se questionar sobre a causa do atraso de Jabami.

As possibilidades eram várias e as chances de cada uma acontecer variava, e, infelizmente, Mary era o tipo de pessoa super racional. Não demorou muito para ela começar a imaginar que, talvez, o motivo de ainda não estar sendo perturbada pela ômega fosse porque ela se meteu em problemas ou sofreu um acidente.

O aperto em seu coração se intensificou, fazendo com que seu peito doesse ainda mais por causa da preocupação. Tentando não deixar com que seu aroma ficasse ainda mais azedo, a Saotome mordeu o lábio inferior e inspirou fundo.

No momento em que sentiu o gosto metálico dominar sua língua, ela soube que havia deixado suas emoções fora de controle. Franzindo as sobrancelhas, ela lambeu o pequeno corte que fez na boca e sentiu uma leve ardência pela ação.

Já esgotada de esperar pela ômega, Mary estava começando a desistir de ficar parada ali na porta da cafeteria. Com um suspiro resignado, ela decidiu que estava cansada de esperar. No entanto, assim que ela retirou as costas da parede, um cheiro familiar entrou em suas narinas a fazendo estancar no lugar.

Ao virar o rosto, de forma robótica, em direção ao doce aroma, ela viu a Jabami se aproximando de si, meio atrapalhada. Pela forma como o seu vestido estava amassado e pelos pedaços de folhas que se agarravam nos fios de cabelo negros dela, a beta já conseguia ter uma ideia do motivo da demora dela.

O alívio momentâneo que havia diminuído o aperto em seu peito não demorou muito a ser substituído pelo calor da raiva. Yumeko, como sempre, tinha lhe feito de trouxa. Pelo estado da ômega não era difícil de perceber que ela estava pela região já fazia um tempo, provavelmente observando a Saotome enquanto a própria aguardava a chegada da outra.

Mary sentiu seu rosto se aquecer gradualmente conforme seu cérebro ia processando o que havia acabado de acontecer. Embora quisesse, com todas as suas forças, dizer que estava ruborizando de raiva, aquilo seria uma grande mentira.

Antes mesmo que a beta se recuperasse da enxurrada de emoções que estavam  dominando-na, a voz gentil e cantada de Jabami capturou novamente o foco dela.

— Mary-chan! Espero que eu não tenha te feito esperar demais — A risadinha que escapou dos lábios bem marcados com o batom vermelho-escarlate foi o som necessário para despertar a Saotome de seu choque.

Desviando os olhos do rosto satisfeito e animado de Yumeko, a jovem estalou a língua num som desgostoso.

— Você me fez foi de idiota, isso sim — Ela resmungou, cruzando os braços com brutalidade e quase esmagando o pacote que carregava.

— Não seja assim, Mary-chan — A ômega falou com um tom pidão, se aproximando da outra lentamente. Seu rosto já estava levemente inclinado, de forma que ela oferecia, de um jeito óbvio, o seu pescoço numa tentativa de conseguir o perdão da beta. — Eu só queria saber como você ficaria enquanto me esperava.

As íris rubras pesavam em cima de Saotome, a súplica para que ela deixasse a pequena travessura que tinha feito de lado estavam intensas naquele olhar gentil e suave. Não ajudava em nada que o doce aroma de Jabami fazia questão de rondar a pobre Mary, que estava começando a ver-se encurralada pela companheira.

Indignada com tamanho charme e manipulação descarada que Yumeko estava fazendo, a beta arreganhou os lábios e deixou suas presas bem a mostra enquanto emitia um baixo rosnado pela garganta. Seu aviso era nítido e a forma como suas sobrancelhas estavam franzidas apenas reforçava o quanto estava irritada com o que estava acontecendo.

— E pra isso precisa me fazer de palhaça? — Ela resmungou, encarando a outra com toda a mágoa e frustração que estava sentido naquele momento.

 Assim que viu o estado da Saotome, a expressão sedutora da ômega se desmanchou ao mesmo tempo em que ela deu um passo para trás, desconfortável. Não havia sido intenção dela parecer que estava brincando com os sentimentos alheios. Tudo o que Yumeko desejava era saber que tipo de expressão sua amada faria enquanto esperava por si.

—  Me perdoe, Mary-chan — A Jabami pediu, com a voz trêmula. A fragrância que se desprendia dela já não tinha mais o refrescante tom doce, arruinado pela súbita tristeza que havia dominado a jovem. — Pode pelo menos aceitar meu presente antes de ir embora?

A beta franziu as sobrancelhas ao escutar aquilo. Embora soubesse que estava certa em se sentir chateada, não tinha chegado a pensar se cancelaria o encontro de vez ou não. Outra coisa que também não estava fazendo sentido era o que a mulher a sua frente tinha acabado de dizer.

E, ainda assim, ao olhar na direção das mãos dela, lá estava o tal presente. Era um pequeno embrulho, que no momento estava sendo segurado pelos dedos de Yumeko.

— Um… presente? — Mary questionou, a confusão evidente em sua voz. — Mas você já seguiu todo o procedimento de cortejamento, não precisava trazer um presente pro encontro também.

A ômega ergueu o rosto o suficiente para poder observar a blusa da Saotome, as íris rubras evitando a qualquer custo de se encontrar com as semelhantes douradas enquanto a cor vermelha florescia nas bochechas dela.

— Não consegui resistir… Quando vi isto aqui me lembrei logo de você, Mary-chan — Yumeko murmurou, sem jeito. O sorriso que se abriu em seus lábios era gentil e bonito, todavia ele não disfarçava a forma como as suas mãos estavam tremendo.

A beta pegou o presente com certa brutalidade, estalando a língua novamente em desgosto. Isso surpreendeu a ômega, que acabou não conseguindo evitar de olhar para o rosto da outra, que mantinha seu foco agora no embrulho que segurava.

Ver como a Saotome desembrulhava com cuidado a caixinha fez com que o peito de Jabami se aquecesse. Ela havia aceitado o presente! Isto significava que ainda poderiam ter aquele encontro, afinal. No momento em que ela percebeu esse fato, uma risadinha animada acabou saindo de seus lábios.

— Do que cê tá rindo aí? Não me comprou nada de estranho, não né — Mary resmungou, encarando a outra com desconfiança. Em sua palma residia uma caixinha aveludada, esperando para ser aberta.

— Você vai ter que descobrir abrindo o seu presente — Yumeko se aproximou da outra até bater, levemente, seu ombro no da beta numa brincadeira. O sorriso que ela exibia parecia fazer com que todo o rosto dela parecesse brilhar de felicidade e animação, algo que o pobre coração de Saotome não estava preparado para lidar.

Por isso, ela ignorou as batidas erráticas de seu coração e desviou os olhos do rosto da mulher para a caixinha em sua palma. Sem hesitação, ela abriu-a.

Dentro do estofado tinha uma pulseira de prata gelada com um pequeno pingente de uma mão fazendo o sinal da paz. De início, ficou confusa com o que aquilo deveria significar, até se lembrar de como havia conhecido a ômega.

Jô, ken, pô!

Mary não pode deixar de revirar os olhos enquanto um sorriso suave e carinhoso erguia os cantinhos de seus lábios.

— Você é uma bobona.

A única resposta que ganhou de Yumeko foi mais uma risadinha.

— Gostou do presente?

— Infelizmente, sim — A beta suspirou antes de fechar a caixa com cuidado e a pôr dentro da sacola que ainda carregava no braço. Seu gesto chamou a atenção da ômega para o objeto, a fazendo ficar curiosa.

— E o que é isso aí no seu braço, Mary-chan? — Jabami não resistiu e acabou perguntando.

— Um presente para ômegas que se comportam e não assustam suas companheiras.

— Oh.

— Posso repensar se você vai ganhar ele, se fizer esse encontro valer a pena — A Saotome desafiou, exibindo um sorriso convencido para a outra.

O brilho que tomou as íris rubras foi tão bonito que a beta quase se perdeu neles e não escutou o que Yumeko lhe respondeu.

— Irei fazer você me chamar para um encontro quando terminarmos este! — A ômega declarou com uma voz empolgada, aproximando-se do rosto alheio.

Mary fez um som questionativo, apoiando sua mão no quadril da outra com delicadeza.

— Acha mesmo que consegue, é?

Os dedos quentes de Jabami dedilharam a bochecha rosada da beta, antes de se firmarem no meio dos fios louros. As respirações delas se misturaram, por um breve momento, antes de Yumeko puxar a Saotome para perto e fazer com que seus lábios se encontrassem.

O beijo que dividiram foi breve e suave, apenas uma palhinha do que poderia acontecer durante o encontro. Durou por tempo suficiente para que Mary sentisse o gosto adocicado da ômega, todavia não o bastante para que se sentisse satisfeita com o que havia recebido.

— Tenho certeza que sim — Yumeko respondeu assim que se separou da beta, determinada a fazer aquele ser o melhor dia da vida delas.

Notes:

acabei meio que pegando três temas de uma vez? jajdkajdlsjdokdd

hurt/comfort + "esperando por você + primeiro encontro lel

enfi, a yumary week acabou de começar !! quando vi que ia rolar week, não consegui me segurar — tive que escrever. infelizmente essa será minha única participação, a

então espero que tenham gostado !!