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Os pingos de água gélida em sua pele não a incomodavam. A chuva caia impiedosamente, fazendo uma ótima acústica para a caminhada desanimada da Udagawa. A cada passo que ela dava, suas botas de couro pesadas deixavam marcas pelo chão enlameado. Vez ou outra a brisa fria cortava seu rosto, sendo assim a única sensação que Tomoe estava conseguindo sentir naquele momento.
A vontade de rir amargamente borbulhava em sua garganta, no entanto, ela segurou-se. Era irônico que tivesse tentado convencer a Shirokane de que estava bem quando ambas sabiam que aquilo não era verdade. Quem, em sã consciência, ficaria animado com a possibilidade de ser convocada para lutar pelo rei numa batalha contra o outro reino? Ainda mais quando o motivo para a guerra era apenas uma questão de expansão de territórios — não existia uma razão para que a Udagawa estivesse contente com aquela notícia.
Infelizmente, ela não tinha como negar o pedido. Tendo sido formada pela Academia de Cavaleiras do reino, era sua missão responder às cartas do rei. Sua opinião não era importante; e se quisesse manter sua honra intacta, Tomoe deveria ir até o palácio para fazer parte do exército.
Um suspiro resignado escapou-lhe. Seus passos continuavam lentos e constantes, ainda que estivesse cada vez mais difícil tirar suas botas de dentro da lama. O vento fazia com que as folhas farfalharem, criando uma harmonia intrigante com os sons das gotas de chuva caindo na grama. Entretanto, a Udagawa não escutava nada disso — estava mais ocupada ouvindo as palavras suaves e preciosas que rodeavam sua mente. Ainda conseguia sentir o calor de Rinko quando a mesma abraçou-a, o jeito como ela havia amassado sua blusa de algodão pela tamanha força com que tinha segurado o pano e o brilho triste e determinado nas íris negras dela.
Eu não... quero... perder você, Tomoe.
Ah, se algum dia houvesse duvidado do amor que a Shirokane sentia por si — algo que, até onde lembrava, nunca chegou a acontecer depois que começaram a namorar —, após ter escutado aquilo não sobrava mais nenhuma desconfiança. Definitivamente.
Não se preocupe, Rin, prometo que retorno a você.
Jura… de mindinho?
Juro de mindinho!
E se tinha uma coisa que Tomoe evitava a qualquer custo, era quebrar uma promessa. Independente do que acontecesse, não seria pelo reino que iria lutar. Não, ela lutaria para garantir que conseguiria voltar a estar ao lado de Rinko viva, custe o que custasse.