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ponto de partida

Summary:

Os longos fios negros pareciam se unir as sombras da noite, constrastando com a pele leitosa dela. Pelos poucos fragmentos que conseguia ter do rosto da outra, dava para perceber um sorriso convencido enfeitando os lábios finos. A forma como ela se movia era controlada, entretanto, ainda assim, a Hitotsuyanagi sentia que a desconhecida não estava levando aquela luta realmente a sério.

A pero sentiu seu coração pulsar, pesado, mais uma vez.

Enquanto viaja de trem, Riri acaba dormindo e sonha com uma memória especial.

Notes:

tema dessa fic é perseguir !! adoro a ambiguidade dessa palavra nesse contexto :peperi:

se eu continuar animada com esse au... esse será apenas o prólogo de uma longa história, aaa

como eu sei que nem todo mundo manja de arknights, aqui estão algumas explicações que podem te ajudar na leitura !! (a última é mais dentro da minha au do que canon, eu acho.

Pero: nome dado as espécies com características caninas dentro de arknights;
Elafia: nome dado as espécies com características de cervos;
Originuim: é o nome da pedra (mineral) que é usado para fazer armas e utilizar magia. Ele também é o causador de infecção nas pessoas;
Mercenários: são as pessoas que normalmente lidam com animais infectados por originum.

(See the end of the work for more notes.)

Work Text:

Suas pálpebras pesavam, fazendo com que se percebesse tendo de subí-las para manter os olhos abertos. Suas piscadas ficavam cada vez mais lentas e fortes. Continuar acordada durante a viagem de trem estava sendo uma tarefa difícil. Embora Riri fosse uma pessoa naturalmente ansiosa quando animada, naquele momento não estava sentindo a coceira habitual em sua pele. 

O efeito do balanço do vagão em seu corpo era relaxante. O conforto que sentia por estar sentada nos bancos macios apenas ajudava-na a ser embalada em um estado meditativo, trazendo-a mais perto do sono. Suas orelhas de pero já estavam até abaixadas em sua cabeça — tanto pela falta de sons diferentes no trem quanto pelo estado que se encontrava. 

Em seu colo, a Hitotsuyanagi conseguia sentir nas palmas de suas mãos os pêlos de seu rabo rosado lhe pinicando. Por ser uma sensação conhecida, não sentia nenhuma vontade de movê-las dali. Sendo a única pessoa naquele vagão, não existia nenhum outro aroma que captava no ambiente além do seu próprio… e o da bebida que havia tomado pouco depois de começar a viagem.

Riri sequer percebeu que já estava de olhos fechados. Sua atenção lentamente se desintegrava; entre o barulho constante dos trilhos (que avançavam para a próxima parada), a movimentação tácita e agradável do trem (que a deixava ainda mais confortável) e do cheiro familiar (tão semelhante ao do seu ninho), ela ia perdendo a consciência. Se permitindo, não com intenção, ser embalada num sono profundo...

[—]

Estava correndo. Não lembrava o porquê, ainda que sentisse que devesse saber. O ar parecia rarefeito. No entanto, a Hitotsuyanagi tinha certeza que ele era fresco. Ela sentia seus pulmões ardendo, suas pernas latejando e os pés doendo. Tudo o que suas irises róseas podiam enxergar era verde musgo e um azul marinho com pintas acinzentadas.

A adrenalina pesava nos seus batimentos acelerados. O medo enroscava-se no seu coração, apertando-o dentro do seu peito. Riri estava sendo seguida. Não lembrava o que era, entretanto suspeitava que fosse um ser feito de originum. Aquelas pedras em losangos eram muito parecidas com as suas. Foi rápido, todavia tinha conseguido vê-las na superfície do bicho — o brilho rubro delas era difícil de ignorar naquela escuridão.

Afinal, aquilo era um aviso. E ela não queria morrer ali.

E não morreria, visto que aquele era o início do seu mais adorado sonho. Bem, não realmente… na verdade, era uma memória. Continuava sendo uma de suas favoritas, porém. Pois, assim como nos quadrinhos, uma heroína surge para salvar a mocinha!

A Hitotsuyanagi tropeçou em uma das várias raízes que saíam do solo. As árvores daquela floresta pareciam desejar o seu fim. No entanto, quando achava que realmente estava para perder a vida, ela surgiu repentinamente para a salvá-la. 

Suas orelhas de pero se ergueram, atentas, ao escutar o som metálico ressoando. Surpresa que não estaria sendo devorada naquele exato minuto, ela abriu as pálpebras. Suas irises róseas passaram por entre os troncos e moitas até pararem na jovem desconhecida à sua frente.

Os longos fios negros pareciam se unir as sombras da noite, constrastando com a pele leitosa dela. Pelos poucos fragmentos que conseguia ter do rosto da outra, dava para perceber um sorriso convencido enfeitando os lábios finos. A forma como ela se movia era controlada, entretanto, ainda assim, a Hitotsuyanagi sentia que a desconhecida não estava levando aquela luta realmente a sério.

A pero sentiu seu coração pulsar, pesado, mais uma vez. Conforme ela observa a estranha batalhando com o… monstro de originum, mais segura se sentia. Ela engoliu a vontade de gritar em apoio à jovem, não desejando a atrapalhar em seu serviço. Vez ou outra, um arrepio percorria por sua pele — o motivo pelo qual o sentia, já não sabia dizer.

Quando a desconhecida fincou sua espada no corpo da criatura, assim finalizando a luta,  Riri percebeu que ela provavelmente era uma mercenária. Inspirando fundo, ela decidiu naquele exato momento que viraria uma; se algum dia pudesse encontrar de novo a sua salvadora, ou quem sabe, lutar ao lado dela… Faria de tudo para que isso acontecesse!

Sua linha de raciocínio foi cortada quando sentiu o peso das irises ametistas em sua pessoa. A jovem a observava, parecendo um pouco surpresa.

— Pensei que você já tinha escapado — A voz dela era grave, melodiosa. Seu coração pulou uma batida, logo depois acelerou com intensidade. A Hitotsuyanagi sequer teve consciência de sentir vergonha pela sua gafe.

— Obrigada por salvar minha vida — Foi o que disse, por sentir a necessidade de agradecê-la coçando em sua garganta e língua. Mesmo que tivesse tentado, não teria conseguido segurar as palavras dentro de sua boca. — Poderia me dizer o seu nome?

A (provável) mercenária inclinou a cabeça para o lado, parecendo tentar analisar Riri. Apesar de estar sendo encarada com vigor, ela não recuou. Por mais que suas bochechas estivessem quentes, a pero não iria deixar de conhecer aquela informação. Ela precisava saber por quem precisaria procurar quando fosse sair do orfanato.

— Shirai — A jovem disse, de supetão. O farfalhar das folhas causado pelo vento marcou uma pequena pausa antes dela acrescentar: — Shirai Yuyu.

[—]

A Hitotsuyanagi franziu o nariz, um sinal que indicava que estava acordando. Suas pálpebras se apertaram uma, duas, três vezes antes de abrirem-se lentamente. Irises róseas, ainda meio enevoadas, observaram o ambiente sem realmente o ver. Perdida entre sonho e realidade, a única coisa que sentia era o calor em seu peito.

Um barulho fez com que suas orelhas se erguessem. A pero olhou na direção da porta, percebendo que a mesma agora estava aberta. Uma das comissárias do trem estava ali, a observando com curiosidade.

— Apenas passando para avisar que a próxima estação já é a sua — A elafia disse, usando de um tom gentil. Riri assentiu, ainda processando o fato de estar acordada e o que acabou de ouvir.

— 'brigada — Foi o que conseguiu responder, soando grogue por causa do sono. Ela observou as orelhas da outra tremeluzir uma vez. Um sorriso simpático foi direcionado a si, um gesto que refletiu de forma automática em seu rosto. A comissária deixou um som afirmativo lhe escapar, algo que só captou por ter uma audição apurada, e fechou a porta novamente.

A Hitotsuyanagi esfregou um de seus olhos, ainda fora de si. Ela se lembrava que, após receber o nome da mercenária, um estrondo havia ressoado pela floresta. Yuyu tinha lhe mandado correr em direção a um lugar seguro, não esperando para ver se seria escutada antes de correr de volta para o meio das árvores.

Foi um breve momento, entretanto, apenas aquele foi o suficiente para ajudar a pero a decidir o seu futuro. Por mais complicado que tivesse sido encontrar qual empresa sua idola estava empregada, não tinha sido impossível. Era por isso que estava naquele vagão agora — faltava tão pouco para Riri poder rever a Shirai…

Ela podia sentir um formigamento na sua pele, aquela insistência nervosa em seu corpo de querer se mover. Agora que estava mais desperta, não seria improvável que acabaria ansiosa. Já estava imaginando (vários) possíveis cenários de como seu reencontro com a mercenária seria. Será que a outra se lembraria de si…? Nem tinha conseguido se apresentar para a mercenária — um fato que não falhava em deixá-la frustrada.

Passando o polegar por entre os pêlos de seu rabo, a pero tentou extravasar um pouco da energia que estava gradativamente acumulando dentro de seu peito. Independente de como as coisas saíssem, suspeitava que tudo ficaria bem. Não só aquele seria o início de seu futuro como jovem adulta, também seria o começo de sua jornada como mercenária.

Ainda bem que Riri não era do tipo que precisava de um sinal divino para não se preocupar com o que viria. Porém, caso fosse, não precisaria procurar muito para sentir-se tranquila referente ao que o destino guardava para si. Afinal, com um sonho bonito daqueles, era difícil pensar que não conseguiria alcançar o seu objetivo.

Notes:

qualquer coisa, vocês podem me encontrar no tumblr !!

obrigado por terem lido <3

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