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Um sorriso genuíno ergueu-se nos lábios da Miyagawa. Suas irises ametistas observavam com afeição a jovem deitada em seu colo. Sabia que, quando a outra acordasse, acabaria enrubescendo de vergonha e não conseguiria falar; soltaria apenas sons picotados e sem sentido, uma reação que nunca falhava em entretê-la. Kureha agia de um jeito adorável, por isso não conseguia resistir de implicar com ela ora ou outra.
Takane deixou seus dedos deslizarem pelos longos fios esverdeados, aproveitando da maciez do cabelo alheio enquanto distraía-se com as mechas, enrolando-as no indicador ou apenas as deixando ficarem suspensas sobre ele. Ela adorava esses momentos sossegados, onde podia apenas existir com suas membras da legião e tentar conhecê-las melhor. Era… libertador, de certa forma, poder escolher relaxar com as meninas e descobrir quem elas eram, tanto como pessoas quanto como lilies.
Esse era um privilégio que a Miyagawa não tinha antes, infelizmente. Não era exatamente o correto, no entanto, tinha sido sua realidade — afinal, se ela iria para o campo de batalha com as outras, se lutaria com elas, as protegeria; era importante então, que pudesse aprender quem suas companheiras eram.
O sorriso em seus lábios se desfez diante o rumo de seus pensamentos, fazendo com que os torcesse em uma linha reta. Aquele não era o momento para se lembrar de situações incômodas, era melhor cortar esta linha de raciocínio antes que azedasse seu humor.
Insatisfeita, Takane trouxe seu olhar de volta para a expressão serena no rosto da Toki. A mais nova parecia confortável, apesar de estar deitada no sofá da sala da legião — um lugar não propício para cochilos, segundo a opinião fervorosa da Akari. Se não fosse o sublime sobe e desce do peito dela, teria dúvidas se Kureha estava mesmo dormindo ou apenas presa num feitiço paralisante. Pelo visto, ela era do tipo que não se movia muito quando cochilava.
Com sua mão livre, a veterana colocou sua mecha loira — que insistia em pender sobre a face alheia — atrás da própria orelha. Assim, corria menos risco de acabar acordando a outra por acidente. Desejava observar mais; seu peito começava a aquecer-se conforme fitava o rosto alheio. A tênue curiosidade que sentia em seu âmago fazia com que ansiasse por conhecer novos detalhes e informações sobre suas companheiras.
Absorta nessa sensação alienígena, a Miyagawa levou os fios esverdeados que segurava entre o indicador e o polegar até os lábios — selando assim a sua promessa de melhor conhecer as calouras de sua legião.
— Ta-Takane-sama…!
A voz trêmula e aguda de Kureha trouxe suas irises ametistas para a adorável face desta. Poder analisar o jeito como o rubro florescia nas bochechas leitosas da mais nova foi incrível, fazendo com que um sorriso satisfeito enfeitasse seu rosto.
— Ora, descansou bem? — Takane deixou uma risadinha escapar de si, deleitada. — Você estava dormindo tão confortável no meu colinho, fiquei com pena de tentar te acordar~.
E, como o esperado, a Toki engasgou com os sons que falhamente tentava transformar em frases. Tendo aquela reação que tanto a entretia, a veterana fixou sua decisão de que iria se esforçar para aprender mais sobre as outras; afinal, era importante conhecer quem ela provavelmente iria morrer defendendo, não?