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epifania

Summary:

Poder sentir o calor que emanava da pele alheia, a ausência de lacunas no entrelaçar de seus dedos e a maciez da outra palma tocando a sua; todas essas sensações traziam arrepios pelo seu corpo.

Era extasiante. Conseguia sentir seus olhos ardendo suavemente, um sinal de que estava muito emocionada — não duvidava nada que suas irises azuladas estivessem brilhando naquele instante.

Notes:

essa fic foi inspirada por essa fanart !! como acabei de ler o evento de ano novo, ele me deu um empurrãozinho pra terminar ela ^^

espero que gostem, a

(See the end of the work for more notes.)

Work Text:

Magnífico. Essa era uma das palavras que descrevia o que acontecia naquele momento. Extraordinário. Maravilhoso, até. Poder sentir o calor que emanava da pele alheia, a ausência de lacunas no entrelaçar de seus dedos e a maciez da outra palma tocando a sua; todas essas sensações traziam arrepios pelo seu corpo. 

Era extasiante. Conseguia sentir seus olhos ardendo suavemente, um sinal de que estava muito emocionada — não duvidava nada que suas irises azuladas estivessem brilhando naquele instante. Ramona piscou levemente, tentando afastar o excesso de sentimentos em vão.

Tentava manter seus lábios firmes num sorriso terno, no entanto, conseguia perceber que estes tremiam de leve em seu rosto. A intensidade do olhar de Kathrina pesava sobre si. O simples fato dela fazer isso mostrava — e como era surpreendente que agora tivesse a oportunidade de poder ver o que a outra costumava não querer mostrar! — a preocupação que sentia com a sua pessoa. Saber que ela se importava consigo a esse nível não ajudava a tranquilizar o acúmulo de emoções que dominava o seu peito.

Percebeu que estava tendo dificuldade de respirar — repentinamente, seu peito parecia muito pequeno, como se não existisse espaço o suficiente para preenchê-lo com oxigênio no momento. Uma dor nasceu em seus pulmões, acompanhada de um sentimento que espremia sua garganta, a sufocando; emoção esta que não fazia ideia de onde vinha…

— Ramo-san? — A voz cautelosa, cheia de preocupação, a fez piscar os olhos. Essa ação fez com que afastasse o embaçado de sua visão. Sequer tinha notado que não estava enxergando até sentir o traçado sutil de lágrimas por suas bochechas. Ao virar sua face em direção da sua ex-colega de troupe, pode ver a forma como ela franzia as sobrancelhas em nervosismo. — Está… tudo bem?

Uma coceira em sua garganta, ainda pressionada por aquele sentimento estrangeiro, lhe fez querer rir em êxtase. No entanto, Ramona segurou a vontade e deslizou um sorriso em seus lábios, de um jeito bem mais suave que o anterior; evidência do tamanho do afeto que sentia pela outra. Apenas para confirmar que aquele instante ainda não tinha acabado, flexionou os seus dedos em um breve aperto — ainda estava segurando a mão alheia.

Não confiando na sua capacidade de usar sua voz, ela apenas assentiu devagar ao que usava de sua mão livre para distanciar os resquícios de suas emoções confusas. Não tinha certeza se realmente estava bem, tão pouco conseguia elaborar o que sentia naquele momento. Ainda assim, pelo calor que sentia no seu coração asfixiado, sabia instintivamente que ficaria bem.

Kathrina estava lhe dando a chance de poder aproximar-se que tanto desejava, afinal! Desde que pudesse tê-la por perto, ao seu lado, olhando para si… Ramona só conseguia se ver caminhando para um futuro mais feliz. Não seria o suficiente apenas esse conhecimento? No mínimo, era reconfortante.

O excesso de sensações, por enquanto, seria desconfortável — estava lacrimejando apenas de segurar a preciosa mão de Kathrina, isso era envergonhante… Mesmo assim, não queria soltá-la. Enquanto pudesse ter a delicada palma dela junto das suas, sentir a maciez de sua pele e o sentimento de preenchimento que o entrelaçar de seus dedos trazia, Ramona só queria continuar com aquele ato.

Era inexplicável. Terapêutico até. Aos poucos conseguia sentir-se acalmando — mesmo que ainda não pudesse se forçar a olhar para o rosto da outra, que ainda a observava com afinco. A culpa rastejava lentamente por entre seu peito, entretanto era tão pequena e frágil que ignorá-la era fácil.

Assim que sentiu que o ar adentrava com menos dificuldade pelos seus pulmões, que o aperto em sua garganta se afrouxou um bocado, Ramona colocou um de seus sentimentos mais vitais para fora de seus lábios:

— Obrigada, Kathrina — Ao erguer suas irises azuladas para as semelhantes esverdeadas, conseguiu ver a confusão no olhar alheio. Isso fez surgir um sorriso novamente em seu rosto, e, no automático, acabou apertando mais uma vez a mão que segurava. — Muito obrigada mesmo.

Ela pode ver a transformação nos olhos da outra; a forma como a realização deixou o esmeralda mais escuro antes da expressão dela se suavizar ternamente. Seu coração parou por um instante e depois acelerou com prazer — sentia o polegar de Kathrina acariciando a sua palma, trazendo novamente a ardência e o embaçado a sua visão.

— Não tem o que agradecer.

Notes:

se quiserem falar comigo, esse é o meu tumblr.