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sob a luz do luar

Summary:

— Por que não sai das sombras e vem dançar comigo, minha cara caçadora? — Assim que suas palavras foram compreendidas pela mortal, a Saijou conseguiu captar o doce som do pulso cardíaco acelerando.

ou, em que Claudine acaba tendo um rápido e divertido encontro com uma humana interessante.

Notes:

o tema usado nesse fic é lâminas !!

dedicado a maya !!

(See the end of the work for more notes.)

Work Text:

A única iluminação estável daquelas ruas esburacadas e sujas vinha da lua, visto que a maioria dos postes daquele bairro estava com as lâmpadas quebradas ou queimadas. Poucas eram as que funcionavam, trazendo um pequeno feixe de luz amarelada para alguns cantos, medianos círculos de esperança para humanos desavisados que andassem à noite naquele local.

O cheiro do esgoto aberto inundava a região, o que não era bom para o nariz sensível dela. Era incômodo e a fazia franzi-lo, a tirando um de seus sentidos apurados e deixando-a vulnerável. Ainda assim, Claudine continuava pisando nos blocos de pedra desuniformes e seguindo em frente.

Não existia muito o que pudesse assustá-la, menos ainda o que conseguiria a machucar. Mesmo que fosse inconveniente ter de entrar por aquele bairro, a Saijou estava fazendo isso com a intenção de proteger suas parceiras.

Afinal, estava sendo seguida. E ela tinha certeza que quem estava atrás de si não era uma criatura qualquer. Seria impossível ser um mero mortal, visto que a maioria era péssima para esconder a própria presença de forma tão boa.

Por mais irônico que pareça, alguém estava se escondendo nas sombras daquele quarteirão abandonado, fazendo o que supostamente deveria ser o seu trabalho.

Era uma cena até engraçada, se Claudine parasse para pensar, algo que com certeza tiraria umas risadas de Karen e um sorriso animado de Shiori. Ao pensar na reação de sua pequena família, a Saijou sentiu suas sobrancelhas arquearem-se suavemente em carinho.

Um movimento que ela tratou de ajeitar, voltando a manter sua expressão neutra antes que o ser que a seguia achasse que tinha se distraído. O que ela menos precisava era dar uma abertura que facilitaria um ataque a suas costas, portanto continuou caminhando com determinação em seus gestos.

Embora seu olfato estivesse tecnicamente inutilizado no momento, sua audição estava atinada. Era por isso que, pouco depois que havia terminado de se alimentar, acabou captando o rítmico som bem definido de um coração pulsando de forma acelerada. Um barulho que com certeza não era da sua vítima, que jazia imóvel ao seus pés e havia deixado há ruas atrás.

Se não fosse pelo fato do que quer que estivesse seguindo ela estivesse vivo, era provável que tivesse demorado uns segundos a mais antes de realizar que tinha companhia.

Inspirando apenas para ter o que fazer, Claudine sentiu o alívio relaxar seus ombros quando finalmente avistou o que procurava. Ela saiu do meio da rua, passando por um dos poucos postes com luz antes de entrar no meio do breu que escondia um beco precariamente iluminado por entre uma cafeteria e uma lavanderia.

A Saijou fez questão de pisar no chão fazendo barulho, querendo que a pessoa que a seguia soubesse exatamente a quantos passos de distância ela estava. Assim que percebeu estar em frente a parede que fechava aquele lugar, ela se virou para a saída e esperou.

Ao escutar os passos não tão silenciosos porém super cuidados que vinham em sua direção, ela deixou que lentamente os cantos de seus lábios se erguerem em um sorriso presunçoso.

Parece que está na hora de inverter nossos papéis.

— Quem estás a se esconder na escuridão enquanto segue-me ? — Claudine questiona, confiança e coragem dominando sua voz e a mantendo estável. — Quem ousa furtar um trabalho que deveria ser de minha pessoa?

Não surpreendente, a única resposta que ela recebe é o silêncio. Isto faz com que ela erga uma de suas sobrancelhas em questionamento, com um leve toque de deboche na ação. Já estava começando a suspeitar que tipo de ser a perseguia e parecia que naquela noite a Saijou tinha ganhado uma diversão extra.

Agora no escuro, com apenas a luz suave prateada da lua tentando iluminar o local, suas íris rubras começaram a se acomodar. Os formatos turvos pelas sombras não demoraram a tomar forma conforme sua visão se ajustava ao ambiente. Já conseguia discernir as caçambas de lixo das tralhas que estavam largadas pelo corredor assim como conseguia ver nitidamente o formato de uma cabeça humana perto de caixas de papelão.

Ao passar a língua pelos seus dentes, Claudine sentiu suas presas no lugar de seus falsos caninos e segurou a vontade que tinha de sorrir abertamente em um óbvio sinal de ameaça. Ela não era a presa ali, não tinha motivos para agir de forma tão defensiva.

— Por que não sai das sombras e vem dançar comigo, minha cara caçadora? — Assim que suas palavras foram compreendidas pela mortal, a Saijou conseguiu captar o doce som do pulso cardíaco acelerando.

No entanto, antes que ela pudesse continuar brincando com a outra, um novo barulho chamou sua atenção. Começou como um zunido baixo e foi aumentando o volume conforme se aproximava dela. Não demorou muito para que a luz da lua refletisse na lâmina que passou a poucos centímetros de distância de seu rosto, se fincando na parede com força.

Isto porque Claudine tinha desviado no último segundo, pois se não o tivesse feito teria sido acertada com uma adaga no rosto. Com suas sobrancelhas franzidas, ela voltou-se à caçadora que agora estava a sua frente, próxima o suficiente para que conseguisse respirar o aroma agridoce dela.

Íris rubras se focaram em ametistas, opacos e impiedosos olhos analisando brilhantes e determinados.

A mulher que ocupava a maior parte da sua visão era bonita, e irritantemente alguns centímetros mais alta do que a Saijou. Fios castanhos escuros estavam tapando o belo pescoço de pele clara, servindo como um falso escudo para a humana e como um enfeite para si.

Embora se sentisse tentada em levar seus dedos gélidos até a carne quente da outra e afastar a mecha de cabelo dali apenas para deixar a caçadora perturbada, ela não tinha nenhum motivo para realmente o fazer. Já havia se alimentado naquela noite, e brincar só era divertido se a sua presa sentisse medo de si por ser seu predador natural.

No caso da mulher a sua frente, ainda que existisse medo ajudando seu coração a pulsar, ela obviamente não via Claudine como sua predadora.

Não, pela forma como uma lâmina de prata estava sendo pressionada em seu pescoço, a Saijou tinha certeza que a outra lhe via mais como um monstro que tinha de destruir. Algo que a deixava com vontade de revirar os olhos diante tamanha besteira, todavia não o fez.

— Achas mesmo que conseguiria me matar apenas com esta adaga de segunda mão? — A voz de Claudine está cheia de prepotência ao que ela ergue o seu queixo, dando mais acesso para a parte afiada da arma encostar em sua pele fria.

Seus lábios se abrem um sorriso amistoso, deixando suas presas à mostra de uma forma não agressiva, um gesto não condizente com o tom arrogante dela. É evidente a forma como a Saijou não enxerga a humana ou a lâmina em seu pescoço como uma ameaça.

Por estar observando atentamente a outra, ela viu quando as sobrancelhas da caçadora tremeram rapidamente, como se por um segundo ela tivesse se permitido franzi-las. A boca dela se torceu numa linha dura, nada agradada com o jeito que a vampira estava agindo.

Ainda assim, nenhum som além das batidas do coração dela preencheu aquele beco imundo.

Cansada daquele jogo do silêncio, Claudine resolveu que era hora de finalizar logo aquele encontro. Ela soprou no rosto da caçadora levemente, e recebeu um olhar inquisidor e confuso antes de prender as íris ametistas de novo nas suas em uma encarada.

Assim que seus olhos brilharam, iluminando de leve o rosto da humana de vermelho, ela murmurou seu encantamento em latim para poder ganhar acesso à mente da outra. Demorou um pouco, uma vez que a mulher era teimosa e tentou impedir seu feitiço em vão, todavia logo ela conseguiu hipnotizá-la.

Satisfeita em ver a auréola vermelha dentro das íris ametistas, a Saijou não hesitou em começar seu questionário.

Após ter certeza que nem a caçadora nem a organização estava especificamente atrás dela ou de suas parceiras e de confirmar que teria de achar outro lugar para se alimentar — agora que aquela região estaria sendo melhor monitorada —, só existe apenas mais uma coisa que a vampira deseja saber da humana:

— E qual seria o nome da nobre caçadora que chegou tão perto de ferir-me?

Claudine não se importava que a caçadora estava sob seu efeito e portanto não iria reagir ao seu sarcasmo, o importante ali era estar se divertindo às custas de um mortal. E que bela diversão tinha tido naquela noite! Com certeza Karen ficaria maravilhada com a história.

— Me chamo Tendo Maya.

A Saijou movimentou os lábios, repetindo o nome sem deixar com que sua voz o pronunciasse. Aquele sobrenome não lhe era estranho, mesmo que nenhum alarme viesse à cabeça no momento. Quando voltasse para casa iria fazer questão de procurar seus arquivos para ver se já tinha se encontrado com algum Tendou antes.

Agora que seu interrogatório estava concluído, Claudine leva uma de suas mãos até o ouvido da humana e estala seus dedos ali duas vezes. Como um boneco ventrículo tendo as cordas cortadas, as pálpebras da caçadora se fecham subitamente e suas pernas cedem ao peso do corpo, a fazendo cair nos braços da vampira.

Com um pouco de paciência, não demora muito para ela ajeitar a humana numa posição mais confortável de carregá-la. A Saijou tinha uma das mãos na parte de trás da coxa e a outra estava segurando o tronco dela. O calor que vinha do corpo vivo era agradável e confortante, e trazia uma sensação de dor para o peito vazio de Claudine.

Ela, também, já tinha sido aquecida assim.

Suspirando, a vampira focou seu olhar no rosto tranquilo e vulnerável da caçadora. Ver a outra tão exposta assim em seus braços fez com que lábios novamente se erguerem em um sorriso predatório. Quem diria que alguém tão corajosa também poderia ser tão ingênua?

— Tens tamanha sorte por eu ter já me alimentado, pois agora continuará respirando do mesmo ar que toca meu rosto. Mas não se preocupes, Tendou Maya, pois estamos fadadas a nos encontrar novamente em breve.

Notes:

não esperem mais mayakuro de mim :pipehappy:

essa ideia me veio na cabeça quando tava pensando num au sobrenatural, decidindo os papéis das garotas e as dinâmicas que eu queria escrever heuehehhejrhe tenho intenção de escrever mais umas coisinhas nesse au, porém com outras garotas e ships !!

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