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Tradição e Liberdade

Chapter 4: A Lua Nova

Summary:

— Yue?

— Pois não? — ela respondeu tranquila, com os pensamentos lotados de abraços quentinhos e juras de amor.

— Quero que você pare de se encontrar com a forasteira.

Notes:

como vocês podem ver eu adicionei mais um capítulo pra fic ent ao invés de estar faltando apenas mais um pra finalizar, faltam dois 💀💀

eu percebi que tive de cortar os acontecimentos do cap 5 em dois ent acabou surgindo mais um capítulo, desculpa a

também sinto muito pela demora, eu tava com uns problemas criativos com essa fic mas eu consegui colocar essa história pra frente — mas não garanto uma atualização tão cedo, a

enfim, espero que gostem, boa leitura

(See the end of the chapter for more notes.)

Chapter Text

A noite passada tinha sido tão boa para Yue que ela quase achou que fora um sonho. Os lábios de Katara nos seus, o calor de sua pele, as palavras que traziam alegria e promessas que faziam seu coração palpitar só de cogitar serem reais — tinha sido um momento maravilhoso, e sabia que a morena concordava consigo.

Nos dias que se passaram, ambas aproveitaram qualquer tempo que tivessem para passarem juntas. 

As tardes de Yue, quando não surgia um afazer aleatório para ocupá-la, acabavam sendo, majoritariamente, passadas na companhia de Katara, no lago platinado.

Tinham raras ocasiões em que acabavam por ficar na tenda designada aos irmãos de Shuijia, onde eram mais discretas ao trocarem carícias por causa do medo da albina de acabarem sendo vistas.

Elas conversavam sobre coisas que gostariam de fazer caso a situação delas fosse diferente, as mãos entrelaçadas e um sorriso em ambos os rostos enquanto estavam deitadas nos panos da tenda. Algumas vezes, a morena contava várias piadas bobas apenas para ouvir a risada de Yue — que acabava ficando com os olhos lacrimejados e um tom rosado nas bochechas de tanto rir, todavia, não deixava de ser uma bela bagunça aos olhos de Katara.

Era lindo como acabavam criando um ambiente único delas, um pequeno universo que apenas elas tinham a chave para entrar — no entanto, também era algo muito perigoso.

Por mais que tentassem ser discretas, isso não as impedia de roubar um selinho ou outro.

E foi numa dessas vezes em que estavam aproveitando a presença alheia que acabaram se distraindo demais em deixar a outra bobinha, não prestando atenção no que ocorria a sua volta.

— Katara? — A voz grossa que abruptamente cortou o momento delas continha um tom de surpresa, e foi com o coração acelerado e prestes a sair de ambas as bocas que elas viram que parado a porta estava Sokka.

Yue prendeu o ar em seus pulmões e olhou para a mais nova, tentando achar algum tipo de conforto nela. No entanto, ao ver a expressão irritada que ela carregava, a confusão foi plantando perguntas em sua mente desesperada.

— Já falei para não entrar na tenda de mansinho! — a morena reclamou em um tom estressado, no entanto seu irmão não parecia nem um pouco assustado por estar recebendo uma bronca dela.

— Não adianta tentar disfarçar o que estavam fazendo, Katara — retrucou Sokka. Seu tom de voz não deu brecha para nenhum sentimento além de leve irritação e o rosto estava livre de emoções.

A postura da morena perdeu a seriedade e o ar de irritação que ela passava mudou para algo mais frustrado. Os ombros dela estavam curvados e seus olhos encaravam os lençóis abaixo dela.

Yue não estava entendendo o que rolava ali. Seus coração estava acelerado, a adrenalina corria pelo seu sangue, a deixando inquieta.

E, mesmo assim, o medo a impedia de falar alguma coisa, travando sua voz na garganta com um bolo de emoções.

Foi ali que ela percebeu que estava sendo muito tola. Como poderia tentar ter algo com Katara se não conseguia se impor quando o momento precisasse?

Um suspiro chamou a atenção de Yue. Ela viu Sokka balançar a cabeça em negação e por um momento temeu o pior.

— Por favor, não conte aos meus pais! — ela conseguiu dizer, desesperada, surpreendendo não só aos irmãos como a si mesma.

— Por que eu contaria aos seus pais? — Sokka questionou com as sobrancelhas franzidas, claramente confuso com a fala dela. — Eles não tentariam afastar vocês ou algo assim?

Espantada com a resposta dele, Yue olhou para Katara. Ela parecia focada em analisar sua reação, definitivamente, nem um pouco preocupada com o que o irmão pensava.

— Sim, mas… — Com o indicador, ela colocou uma mecha atrás da orelha, ainda tentando compreender o que estava acontecendo. — Você não se importa? Que, bem, eu esteja namorando sua irmã?

Yue sentiu sua mão ser segurada com firmeza e soube que Katara tentava lhe dar apoio, mesmo que ela fosse a única que supostamente deveria precisar naquele momento.

— Não? — Sokka respondeu, embora parecesse mais que ele estivesse questionando alguém sobre. — Se a Katara está feliz, por que motivo eu deveria me importar?

Ouvir aquilo, mesmo que fosse de um não conhecido, aqueceu o coração de Yue. A vida toda ela teve de escutar o quanto as pessoas não gostavam do diferente e o quão errado era e, pela primeira vez, estava escutando o contrário.

Sokka tinha falado com tanta convicção que, naquele momento, ela chegou a pensar que talvez ainda estivesse esperança para elas.

— Fico feliz em ouvir isso. — Yue disse, deixando um sorriso lhe tomar os lábios.

O jovem retribuiu o gesto e ela sentiu Katara beijar sua mão.

— Só peço para que vocês tomem mais cuidado. — Ele avisou com um tom de voz carregado de preocupação. — Dessa vez vocês tiveram sorte que fui eu, imagina se tivesse sido algum servo?

— Relaxa mano, a gente sabe se cuidar.

[—]

Aquela noite, Arnook não pode jantar com a família por ter alguns assuntos para resolver como líder da tribo. Os forasteiros tinham decido comer na tenda deles, provavelmente conversando sobre a nova descoberta de Sokka.

Yue sorria ao lembrar do que tinham conversado e de como o jovem tinha sido suportivo sobre o relacionamento que tinha com Katara.

Diferente de si, sua mãe parecia meio distraída. O olhar dela parecia distante e ela mal tinha tocado na comida. Yue teria suspeitado do humor da mulher se ela não tivesse tão feliz e alheia ao que acontecia.

Aquele jantar teria sido apenas mais um se sua mãe não tivesse a chamado antes de se retirar.

— Yue?

— Pois não? — ela respondeu tranquila, com os pensamentos lotados de abraços quentinhos e juras de amor.

— Quero que você pare de se encontrar com a forasteira.

Ao escutar aquilo, ela franziu suas brancas sobrancelhas. Yue demorou poucos segundos para entender o que a mãe tinha dito e mesmo assim teimou em perguntar:

— O que quer dizer com isso? — Suas mãos estavam geladas e seu coração pedia para que saísse daquele lugar o mais rápido possível, no entanto, os pés dela estavam bem cravados no chão.

Yue duvidava que conseguisse sair da sala de jantar sem a permissão de sua mãe.

— Você sabe o que quero dizer. — O olhar feroz que sua progenitora a mandava lhe fez engolir as palavras que planejava dizer. — Não quero mais você se encontrando com aquela garotinha. 

Yue sentiu as lágrimas chegarem em seus olhos, porém segurou o choro.

— Por que está dizendo isso tão de repente? — Ela torcia para que estivesse errada, embora tudo apontasse para que Sokka não tivesse sido o único a descobrir sobre o namoro.

— Porque o que vocês tem já não é mais normal! — sua mãe sibilou. Pela forma como ela segurava os talheres, estava com certeza se controlando para não gritar e deixar os servos escutarem o que dizia. — Você está comprometida, pelos deuses! Não tem noção de que o que vocês têm não irá a lugar nenhum?

Yue se manteve calada. Sabia que dizer o que sentia para a mulher a sua frente não iria fazer diferença: não seria escutada. Do que adiantaria falar que amava Katara? Que todas as tardes que passava com ela lhe deixavam tão feliz e livre, que a faziam se sentir como se pudesse dominar e destruir o mundo se quisessem? Que não queria casar com alguém que sequer conhecia e tão pouco sentia algo por?

Sua mãe não entenderia, sequer tentaria compreender o que estava sentindo ou pensando.

Então ela assentiu, como se tivesse aceitado o seu destino. Talvez tivesse, só que não deixaria as coisas acabarem assim.

— Entenda, minha cara Yue, que eu só quero o seu bem. — A albina escutou as palavras carinhosas, um tom tão diferente de a minutos atrás e não conseguiu sentir nada mais que uma grande indiferença, tamanha era a dor em seu coração. — Por isso mesmo que já enviei uma carta pedindo o adiantamento do casamento para ainda esse mês.

Yue lançou um olhar ferido para a mãe, no entanto não disse nada. Ela sentiu uma lágrima escorrer por sua bochecha e a limpou com força.

— Não chore minha querida, você vai ver que é o melhor para você. — sua mãe falou em um tom gentil e tranquilo, não que a albina tivesse se sentindo melhor ao escutar aquilo.

Afinal, quem ficaria satisfeito em ser lembrado de que nunca teve uma escolha em como dirigir a própria vida?

Notes:

quero agradecer ao Eyler por ter betado esse capítulo, muito obrigado nene pela sua ajuda 💞